segunda-feira, 7 de maio de 2012

Aécio resolveu repetir tema já abordado nos textos semanais que assina (FSP, 07/05): mais um elogio superficial à internet. Enfim, temos uma concordância com o senador. A internet tem sido uma ferramenta fundamental e positiva para quebrar o monopólio das plataformas e das mídias tradicionais (radiodifusão e jornais impressos), controladas por “famílias” conservadoras. Como no Brasil. Temos exemplos disso, recentemente, envolvendo o próprio signatário do texto. O primeiro foi o famoso escândalo do bafômetro, que desnudou o esquisito esquema da Rádio Arco-Íris. Não fosse aquilo que Aécio chama de mídias ou redes sociais, a imprensa tradicional não repercutiria, como foi obrigada a repercutir, a carteirada dada pelo senador na madrugada do Leblon. Com todas suas consequências. Outro exemplo foi o da contratação, pelo diretório nacional do PSDB, do ex-agente secreto estadunidense Larry Stewart para a realização de uma perícia em cópias xerox de uma versão da famosa “Lista de Furnas”. Postada no dia 4 de fevereiro, às 5 horas da manhã, no site do jornal “Estado de São Paulo”, duas horas depois, a matéria estava desmoralizada. O tal perito foi pego nas redes sociais: já havia sido processado por perjúrio (falso testemunho) ao assumir a autoria de um laudo que não teria elaborado em uma ação nos EUA. O fato só expôs o “mico” tucano: pagaram R$200.000,00 por um relatório que fez até “análise química” em cima de cópia xerox (sic). Nem a “Veja” se sentiu muito à vontade para repercutir a farsa. Os demais jornalões nacionais deram tratamento discreto ao vexame. Nas Alterosas, para variar, coube ao “Estadinho de Minas” difundir a versão do “Estadão”, ainda que apenas no dia seguinte. Um terceiro exemplo também envolve Aécio Neves. Prevendo a desmoralização pelas ainda “descontroladas” redes sociais, o próprio “Estadão” divulgou o furo: o senador mineiro tinha indicado uma prima do contraventor Carlinhos Cachoeira, a pedido de seu sócio Demóstenes Torres, para um cargo no governo de Minas Gerais. Caiu na rede e ele teve de se explicar. E seu descontrole emocional foi verificado por um jornalista, por ele ofendido, quando este lhe arguiu sobre o fato. Há vários outros exemplos, como do ti-ti-ti no Hotel Fasano, que poderia ter resultado no primeiro caso da Lei Maria da Penha aplicada em um senador. Ou seja, também fazemos apologia à internet. São as redes e mídias sociais democráticas e progressistas que tem equilibrado o impacto das versões “interessadas” e manipulatórias que as mídias tradicionais tentam impor à maioria do povo. Finalmente, vamos aqui desenhar para o senador e para seu ghost writer algumas distinções conceituais, que ambos confundem no seu texto. Orkut, FaceBook, Flicker, Twitter e similares são plataformas para redes sociais. Redes sociais são as múltiplas interações que os humanos podem constituir, usando as citadas plataformas. Mídias sociais da internet são os “veículos”: jornais eletrônicos, blogs, sites, páginas pessoais, wordpress etc. Enfim, é a velha confusão entre continente e conteúdo, entre a parte e o todo. Que o cidadão comum confunda os conceitos, vá lá. Mas que o “moderninho” senador mineiro revele toda sua indigência teórica sobre o assunto, isso não passará despercebido. http://www.minassemcensura.com.br/conteudo.php?MENU=&LISTA=detalhe&ID=499